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A LUCERNA

Entre o passado e o presente...a aldeia sonha!

03.Dez.18

A tradição religiosa secular de “pedir água aos céus”

santa barbara2.jpg

 

Esta é uma das tradições mais emblemáticas da fé dos habitantes e gentes da região em Santa Bárbara de Padrões. Quando as sementeiras pedem água e a seca se instala nas terras do Alentejo é na fé que o povo se refugia, rogando pela a ajuda divina. De uma beleza extraordinária, estes cânticos representam sentimentos e esperança.

Para pedir água era habitualmente realizado o “Encontro das Senhoras” em que a veneranda imagem de Santa Bárbara, que antigamente se encontrava num oratório envidraçado, ia ao encontro da imagem de Nossa Senhora da Graça que pertence à Igreja Paroquial da Graça de Padrões. O encontro era feito no momento em que as imagens se encontravam na estrada, visto que, eram levadas aos ombros e acompanhadas pelos seus fiéis.

Os cânticos são entoados para pedir água a Santa Bárbara e também à Virgem Maria. Os dois primeiros versos, de cada quadra, são cantados por uma só pessoa e os dois últimos por todo o coro.

 

 Santa Bárbara

 

I

Senhora Santa Bárbara

Virgem Mãe de Deus

Mandai água aos trigos

Seja por amor de Deus

 

II

Atendei piedosa

Aos nossos gemidos

Mandai sem demora

Água para os trigos

 

III

Senhora valei-nos

Se não expressemos

Em tão grande aperto

Senhora nos vemos

 

IV

Senhora não houve

Ais e gemidos

Mandai sem demora

Água para os trigos

 

V

Água que é requerida

Divina princesa

Peço a Vossa Alteza

Que seja atendida

 

VI

Senhora Santa Bárbara

E Virgem Maria

Mandai água aos trigos

De noite ou de dia

VII

Senhora Santa Bárbara

É a padroeira

Bradamos por ela

Uma vida inteira

 

IX

Oh meu Deus Senhor

E omnipotente

Mandai água aos trigos

Manda a Mãe clemente

 

X

Senhora Santa Bárbara

O que eu mais invejo

Mandai água aos trigos

E para o Alentejo

 

XI

Senhora Santa Bárbara

Que o tempo tão ruim

Mandai água aos trigos

Que isto está no fim

 

XII

Que isto está no fim

Vai-se tudo embora

Mandai água aos trigos

Mandai sem demora

 

XIII

Senhora Santa Bárbara

Está tudo queimado

Mandai água aos trigos

Com o seu mandado

 

XIV

Senhora Santa Bárbara

Virgem Mãe clemente

Mandai água aos trigos

Lembrai-se da gente

 

XV

Senhora Santa Bárbara

Que está no seu altar

Mandai água aos trigos

Está tudo a secar

 

XVI

Senhora Santa Bárbara

E Senhora de Fátima

Mandai-nos a chuva

A que fizer falta

 

 

Nossa Senhora do Carmo

 

I

Senhora do Carmo

Mandou-me um recado

Para me não esquecer

Do Bendito e Louvado

 

II

Bendito e Louvado

Não me há-de esquecer

Senhora do Carmo

Nos há-de valer

 

III

Nos há-de valer

Com todo o valor

Rainha dos Anjos

Do Céu Resplendor

 

IV

Perguntai aos Anjos

Que vêem de Belém

Se a Senhora do Carmo

Nos pagará bem

 

V

Os Anjos disseram

Que bem nos pagava

Não queremos dinheiro

Nem queremos soldada

 

VI

Não queremos soldada

Nem queremos dinheiro

Só queremos a bênção

De Deus verdadeiro

 

VII

As três excelência

Da mãe do Rosário

É o nosso ventre

Jesus sacrário

 

VIII

Sacrário aberto

E o Senhor vai fora

Var ver uma Alma

Que vai para a Glória

 

IX

Alma tão ditosa

Tanto sírio tem

São três horas dadas

E o Senhor não vêm

 

X

Abram-se essas portas

Que além vêm Jesus

De braços abertos

Pregados na cruz

 

XI

Seus braços abertos

Seus pés encravados

Derramando o sangue

Dos nossos pecados

 

XII

O chão tremia

Com o peso da cruz

Dizemos três vezes

Salvai-nos Jesus,

Salvai-nos Jesus,

Salvai-nos Jesus.