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A LUCERNA

Entre o passado e o presente...a aldeia sonha!

04.Dez.18

A apanha da azeitona nas terras alentejanas

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Quando se aproxima o final do ano e as temperaturas descem é tempo da apanha da azeitona nas terras alentejanas. Mas ainda era primavera e já as gentes alentejanas olhavam e mediam o candeio que enfeitava as oliveiras para deitarem contas á vida e ajuizar sobre se iria ou não haver muito azeite nesse ano. Ainda era primavera e já se limpavam e preparavam as talhas e enfuzas do azeite, altas e largas, vazias dos gastos na comida e nas antigas candeias.

Para quem é alentejano o azeite é ouro e são muitas as razões para o afirmar.  

Nos tempos dos avós mais velhos a apanha da azeitona constituia uma actividade económica e familiar muito significativa. A apanha da azeitona dava trabalho a muita gente no alentejo, sazonalmente e, tantas vezes, pago em quilos de azeitona o que era muito importante para as famílias que não possuíam olival.  

Os olivais enchiam-se de gente que cantava e falava, animando os campos  com as suas vozes. Debaixo das árvores estendiam-se os panos ou panais que acolhiam os frutos. Com escadas e varas ou apanhada á mão entre as ramagens, os trabalhadores colhiam a azeitona para depois a ensacar. Antes de encher as sacas de azeitona era preciso limpar, ou seja, retirar as folhas e fazer uma primeira escolha para que os frutos estragados não fossem recolhidos. Também se apanhava a azeitona que caia no chão, debaixo das oliveiras recolhia-se um a um cada fruto. 

Quem nasceu e cresceu num meio rural tem na memória e nas recordações a apanha da azeitona. As famílias, desde o mais velho ao mais novo, participavam, recolhendo os frutos para conserva e para levar para o lagar.  Havia em cada aldeia um ou por vezes mais lagares tradicionais. Hoje muitos desses lagares encontram-se em ruínas mercê da modernização do sector e das exigências da economia. Não é pois de estranhar que o setor se tenha modernizado e o nosso país tenha conhecido um crescimento notável nesta actividade levando, consequentemente, á modificação da maneira tradicional de apanhar e transformar a azeitona.

A oliveira, uma árvore secular no nosso país, de grande implementação nos meios rurais e uma importante fonte de rendimento. Na actual geração, o azeite de produção familiar fica muito caro e a apanha da azeitona pelas famílias tende a deixar de se fazer.

No entanto, grande parte das famílias dos meios rurais gosta de ter o seu azeite e de fazer a conserva da sua própria colheita, sendo que a tradição ainda se mantém em muitas pequenas aldeias e localidades do nosso país.